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Round Trips

Round Trips: Capítulo 17 – Vem pra Borgonha

Por: liketour | 15/10/2020

2020 continuamos com excelentes conteúdos no liketour. Além, do já conhecido liketour cast, teremos novos conteúdos, com mais dicas e histórias de viagens para você.  Uma delas é a série de entrevistas no formato escrito, batizada de Round Trips*, onde conversamos com pessoas criadoras de sites, empresário e escritores de livros sobre turismo.

Juliana Lins Cruz é criadora da empresa e marca Vem Pra Borgonha. Estudou Turismo e Economia, além de MBA e outros cursos relacionados a mídias sociais, turismo cultural, comportamento do turista. Sua experiência profissional permitiu a ela proporcionar férias dos sonhos à brasileiros e anglófonos num lugar mítico cheio de história e cultura que é a Borgonha.      

 

Juliana Lins Cruz.

 

LT: Quando pensamos em viajar para França a cidade Paris é que mais está no imaginário e nas pretensões dos turistas, então, nos localize, onde está a região da Borgonha na França e quais as principais cidade dela?

Juliana: A Borgonha é uma grande região francesa chamada Bourgone-Franche-Comté, localizada no centro-oeste do país e que fica entre Paris e Lyon. Ela faz fronteira com a Suíça e está algumas horas de carro da Itália e Alemanha. Por essa localização tão privilegiada a Borgonha foi e ainda é um grande centro de passagem de diferentes pessoas e nacionalidades. A proximidade com Paris, sendo geralmente 2h30 de trem até a capital Dijon ou 3h30 até Beaune, facilita passeios de um dia ou um final de semana. 

 

Mapa da França, com destaque para as regiões.

 

LT: Você tem diversos cursos em diferentes áreas, turismo, economia, mídias sociais, porque direcionou a vida profissional para o turismo e como o conhecimento em outros segmentos contribui com seu trabalho?

Juliana: Eu me formei no ano de 2003 em turismo e trabalhei durante cinco anos na área, mas eu resolvi fazer uma outra faculdade e mudei minha área de trabalho para a exportação e importação trabalhando na área de soluções da FedEx. Essa primeira mudança foi por uma questão de melhores salários e melhores empregos, mas também tinha um fundo de frustração e de inquietude.

Mesmo trabalhando num ótimo emprego na FedEx, com um bom salário, estabilidade, ótimos benefícios eu continuava com esse mesmo sentimento de frustração, mas dessa vez eu não tinha coragem de trocar o certo pelo incerto. A solução foi estudar cursos de pós-graduações e cursos de curta duração em áreas diferentes do meu trabalho, áreas que me atraiam como marketing, internet, e-commerce, redes sociais, marketing cultural, inteligência emocional, entre outros. E em paralelo eu me envolvia em pequenos projetos independentes. Nenhum deles foi pra frente, mas me serviram para ver como funciona esse mundo que eu tinha interesse.

No fim, ao mudar para a Borgonha eu resolvi voltar ao turismo, e eu percebi que tudo o que estudei eu conseguia colocar em prática recebendo turistas. O que eu precisava era conhecer profundamente a língua francesa, a cultura, a história local, a gastronomia local e é claro os vinhos. E isso eu continuo fazendo diariamente com muito prazer. 

 

Beaune: principal cidade da Borgonha.

 

LT: Além, da empresa, Vem pra Borgonha, você também participa do projeto França na Taça, fale sobre ele e como ambos se complementam?

Juliana: O projeto França na Taça é feito em conjunto com duas outras brasileiras do mundo do vinho francês, Adriana Crochet e Rachel Marcato, – @alsacia_wine_trip e @descubra_bordeaux – que moram na Alsácia e em Bordeaux respectivamente. O nosso objetivo é mostrar os vinhos, um pouco da cultura, da gastronomia de onde moramos e também é uma forma de apoiar e divulgar o trabalho individual mostrando as diferenças das três regiões gerando o interesse por parte do cliente.

 

Conheça o Projeto França na Taça

 

Vista para Vinícola da Borgonha.

 

LT: A empresa oferece algumas opções de passeios aos turistas pela Borgonha, conte um pouco sobre eles, e para qual perfil de turista eles são mais indicados?

Juliana: Os passeios que eu proporciono são voltados as experiências em enogastronomia, ou seja, vinhos e comidas locais. Então eu consegui montar opções de city tour a pé em Dijon e Beaune, que sempre tem o vinho e gastronomia como pano fundo e também passeios específicos para quem quer conhecer ou se aprofundar nos vinhos da Borgonha – Wine Lovers.

Os city tours são indicados para quem vem passar um dia em Dijon ou Beaune ou até mesmo para quem faz um “bate e volta” de Paris até a Borgonha.

Os passeios Wine Lovers são indicados para todos: quem não conhece absolutamente nada de vinhos e quer uma experiência única até para quem quer passeios técnicos e profundos. Geralmente quem pede essa opção são amantes de vinhos, colecionadores, importadores e estudantes de WSET, enologia, sommelier e outros cursos de vinhos.

Para deixar a experiência completa eu indico outros prestadores de serviços aqui na Borgonha como passeios de balão, motoristas de carro, passeios em carros antigos, aulas com sommeliers, entre outros.

Esses passeios e indicações vocês podem ver diretamente no meu site: www.vempraborgonha.com.br

 

Barris de vinho…

 

…enoturismo é o carro chefe da região.

 

LT: Quando os turistas brasileiros buscam viajar para a Borgonha, sobre o que eles mais se interessam pela região e o que os surpreende mais? 

Juliana: É bem unânime quando os turistas chegam aqui: eles querem provar os vinhos e em segundo plano provar a famosa mostarda de Dijon. O que eu procuro oferecer é aquilo que eles esperam, mas com surpresas como por exemplo levar o passeio a uma experiência, a uma descoberta e imersão na Borgonha mesmo que seja por poucas horas.  E tento minimizar e prover soluções para os pontos fracos daqui que podem chegar a atrapalhar, como a falta de táxi e Uber, falta de vida noturna, horários de almoço e jantar rígidos e a ausência de luxo e ostentação. A Borgonha é rústica, medieval e eu explico isso nos primeiros instantes para poder ajustar a expectativa do cliente. O luxo está na gastronomia e no vinho e quando o turista entende isso, a experiência dele fica em harmonia com o local.

 

Loja na cidade de Beaune.

 

LT: A Borgonha é uma região rica em produção e comércio de vinhos, como é a receptividade das vinícolas aos turistas e como elas estão estruturadas para recebê-los?

Juliana: A Borgonha historicamente é bem tradicional. O seu lado turístico não é bem desenvolvido e para o turista não é tão evidente ter acesso à boas degustações. Quem não contrata um guia particular acaba visitando os lugares criados para os turistas que são grandes, são mais impessoais justamente porque recebem muitas pessoas, possuem um bom atendimento em francês e inglês, são lugares confiáveis, porém não são muitos e têm pouca divulgação. A parte boa é que a degustação é farta. Em geral sempre mais de 5 vinhos diferentes chegando a ter entre 11 a 15 garrafas pagando valores entre 18 a 30 euros pela degustação. A Borgonha pode ser tradicional e rústica, porém aqui gostamos de abundância nas degustações.

Como eu trabalho com vinícolas pequenas a receptividade é diferente, geralmente com o dono da vinícola ou seu braço direito nos acompanhando e os locais são mais íntimos e genuínos. Eles são confortáveis para receber os clientes, mas não deixam de lado o fator terroir da Borgonha. E as degustações também são fartas. Nas vinícolas pequenas eles só recebem com hora marcada e muitas somente com indicações. O que torna o momento lá dentro único e inimaginável.

 

Antiga construção: A Borgonha tem uma história riquíssima de extrema importância para a França.

 

LT: Você também oferece uma consultoria e uma facilidade de compra de vinhos para os turistas. Como surgiu a ideia de oferecer mais esse serviço e como ele funciona?

Juliana: Essa ideia surgiu dos meus clientes que queriam comprar os vinhos da Borgonha localmente, mas estavam em Paris ou em outras cidades ou países da Europa. Para estar dentro da lei e suprir a necessidade dos meus clientes, eu criei a parte de consultoria de compras de vinhos da Borgonha, onde eu cobro um valor para fazer uma seleção nas lojas ou vinícolas de acordo com o orçamento e quantidade de garrafas do cliente. 

O pagamento da minha consultoria é feito online, com nota fiscal enviada por e-mail e o pagamento das garrafas e frete é feito diretamente na loja ou vinícola com cartão de crédito, com nota fiscal. Infelizmente esse tipo de serviço não é possível para envios ao Brasil e ele está sujeito a taxas alfandegárias se a remessa for enviada para algum outro país diferente da Comunidade Europeia.

 

Borgonha.

LT: A qualidade dos vinhos da Borgonha é indiscutível, na região bebe-se bem! Mas e a culinária, está à altura dos vinhos? 

Juliana: A culinária da Borgonha é reconhecida nacionalmente. Aqui é a região francesa com o maior número de restaurantes estrelados do guia Michelin, mas sinceramente…não vivemos de Michelin. A culinária do dia-a-dia e dos restaurantes locais é acima da média. O cuidado com o preparo com bons ingredientes, receitas clássicas e revisitadas fazem toda a diferença. Carnes de caça, porco, escargots, patos, queijo e muito queijo fazem parte da alimentação diária. A culinária daqui é tão famosa que estudantes brasileiros e recém formados em gastronomia fazem estágios em restaurantes na Borgonha, como é o caso da chef Fernanda Dilon – @fernanda_dilon -, que após largar a carreira de jornalista e posteriormente estudar gastronomia, veio para a Borgonha ser estagiária no restaurante Levernois – 1 estrela do Michelin. Durante o seu período aqui aproveitamos para nos aprofundar ainda mais nos sabores da Borgonha e sempre com uma garrafa nas mãos. Aliás, o chef Emmanuel Bassoleil que é o responsável pela cozinha do restaurante do hotel Sky em São Paulo, é borgonhês e escreveu um livro de receitas justamente chamado Os Sabores da Borgonha. Eu tenho esse livro e recomendo.

 

A história e a natureza presente constantemente.

 

LT: Além, dos vinhos e da gastronomia, o que a Borgonha oferece aos turistas que eles não esperavam?

Juliana: A história e a natureza presente constantemente. A Borgonha tem uma história riquíssima de extrema importância para a França e quando eu explico o vinho é impossível não colocar o contexto histórico. E também é impossível separar a natureza diante das degustações ou da culinária, pois em tudo ela está presente. O contato tão próximo com a natureza chega a deixar as pessoas emocionadas e tira qualquer pressão que elas geralmente têm sob elas.

 

Borgonha vista de cima.

 

LT: Com tantas atividades e serviços oferecidos, quais são novos projetos que vocês está desenvolvendo para a empresa e os projetos que você participa?

Juliana: Como eu sou muito ativa na internet e me sinto confortável ambiente, eu estou em produção de um vasto material online sobre a Borgonha que em breve será comercializado. Ao mesmo tempo um podcast Vem Pra Borgonha também já está em produção, onde eu conto casos, anedotas do cotidiano intercalando com músicas francesas escolhidas por um produtor musical parisiense. Tudo está sendo feito com muita atenção para poder passar o meu olhar da Borgonha para vocês. À medida que os materiais forem colocados no mercado eu vou anunciar no meu site e redes sociais. E fica aqui o meu convite para vocês visitarem a Borgonha! A região é linda e cheia de charme, um lugar parado no tempo e que produz maravilhas! Geralmente aqui as pessoas se redescobrem e é isso que eu desejo a cada um que visita à região: uma redescoberta pessoal acompanhada de uma bela garrafa de vinho e uma boa comida. Vem Pra Borgonha!

 

Insta: @vempraborgonha

https://www.vempraborgonha.com.br/