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One Way

One Way Capítulo 10: Viagens sobre Trilhos

Por: Henrique Benitez Lopes | 20/08/2020

2020 continuamos com excelentes conteúdos no liketour. Além, do já conhecido liketour cast, teremos novos conteúdos, com mais dicas e histórias de viagens para você.  Uma delas é a série de textos diversos com histórias e dicas de viagens, batizada de One Way*.

No capítulo 10 do liketour One Way, Henrique fala sobre viagens de trem e dicas de viagens sobre trilhos.

As ferrovias revolucionaram a história da humanidade.  Por milhares de anos nossa locomoção era limitada a cavalos, carroças e barcos. As viagens demoravam dias, as mercadorias demoravam para circular e as ideias ficavam restritas a um único espaço por muito tempo.

No século XIX, com a revolução industrial e a reinvenção da indústria metalúrgica, as ferrovias começaram a serem construídas e passaram a ser as artérias do desenvolvimento econômico e cultural. Uma viagem que demorava dias no lombo do cavalo, foi diminuída para algumas horas.

As distâncias se tornaram menores, ideias e mercadorias circulavam mais rapidamente e as cidades ficaram mais conectadas por centenas de quilômetros de vias férreas. Até hoje as ferrovias são consideradas a forma mais eficiente e baratas de transportes.

Quando tinha 10 anos fiz minha primeira viagem de trem entre São Paulo e São José do Rio Preto, era horas de viagem e o trem ia parando por várias cidades que cortavam o interior do estado.  Mais de vinte anos depois essa linha, lamentavelmente, não existe mais para transporte de pessoas, somente de cargas.  Mas, no Brasil e no mundo existem várias opções de viagens sobre trilho e listamos aqui algumas delas.

 

Antiga locomotiva movida a vapor

 

 De Curitiba a Morretes

Fundada em 1721, Morretes está localizada na Serra do Mar Paranaense, entre Curitiba e o litoral e possui um clima agradável e variadas opções para ecoturismo em razão de sua localização privilegiada. 

O passeio de trem até a cidade serrana tem capacidade para levar até 1.100 passageiros, sai de Curitiba às 8h30 e dura aproximadamente 4 horas de viagem.

Sua viagem inaugural foi realizada pela Princesa Isabel, em 1884. A estrada de ferro conta com mais de 41 pontes, centenas de pontilhões, 13 túneis e viadutos de grande destaque, como a Ponte São João e o Viaduto do Carvalho.

Essa viagem foi eleita pelo jornal inglês The Guardian como um dos mais belos passeios sobre trilhos do mundo. 

 

Trem para Morretes na Serra do Mar paranaense.

 

Expresso Oriente

O Expresso Oriente foi inaugurado em 1883, sua extensão inicial tinha 3200 Km e ligava Paris a Constantinopla (atual Istambul) porém, sua rota foi alterada muitas vezes, por conta do desenvolvimento da malha ferroviária europeia e dos conflitos entre os países do continente.

O fim da Segunda Guerra Mundial foi particularmente difícil para a companhia.

Com o desenvolvimento da Cortina de Ferro, vários países do Leste resolveram se desligar do Expresso do Oriente e criar suas próprias linhas de trem.

A última viagem entre Paris e Istambul aconteceu em 20 de maio de 1977.

Além, de ligar o continente europeu de ponta a ponta, o Expresso Oriente é um ícone da cultura pop, servindo de cenário para a literatura, Assassinato no Expresso Oriente e no cinema como Aventuras de Van Helsing.

A rota atual é bem mais curta que a original, mas ainda é considerado uma das formas mais convenientes de se chegar à Áustria saindo da França. Todos os dias, saindo às 22h20 da estação Gare de Strasbourg, o trem parte de Estrasburgo para Viena, chegando às 08h51 do dia seguinte.

 

Expresso Oriente.

 

Poster de inauguração do Expresso Oriente em 1883.

 

Maria Fumaça Serra Gaúcha

A locomotiva movida a vapor percorre um trecho de 23 quilômetros entre Bento Gonçalves e Carlos Barbosa, um roteiro conhecido pelos vinhos, queijos e outras delícias, verdadeiros legados deixados pelos imigrantes italianos.

Ao longo do percurso, os vagões do trem viram palco para apresentações artísticas com música, teatro e dança, que ficam ainda mais animadas após algumas provas de vinhos, espumantes e sucos de uva oferecidos nas estações em que a Maria Fumaça passa.

O passeio dura aproximadamente duas horas, somando a viagem de trem, uma hora e meia, e o regresso ou ida de ônibus de 30 minutos. O embarque pode ser realizado em Bento Gonçalves, tendo com destino final a estação férrea do município de Carlos Barbosa, depois o ônibus partem com os passageiros de volta para Bento.

 

Maria Fumaça de Carlos Barbosa a Bento Gonçalves – RS

 

El Transcantábrico

Quem embarca no El Transcantábrico Luxo realiza uma viagem no tempo até os anos 20 do século passado, quando circularam pela primeira vez os históricos vagões Pullman, que hoje fazem parte do trem. Conservando por fora sua aparência vintage, por dentro é tão elegante quanto os melhores hotéis e oferece todas as facilidades da vida moderna. Inaugurada em 1983, fruto do sonho que há mais de trinta anos parecia irrealizável: criar o primeiro comboio turístico de Espanha.

Com saídas entre Abril e Outubro, o mais interessante do itinerário do Transcantábrico é a oportunidade de conhecer quatro regiões da Espanha em uma mesma viagem: Galícia, Astúrias, Cantábria e Castilla, atravessando o mar Cantábrico pelo norte da Espanha.

São oito dias de paisagens estonteantes, saindo da mítica Santiago de Compostela, passando por Viveiro, Ribadeo, Luarca, Avilés, Gijón, Oviedo, Candás, Arriondas, Llanes, Santander, Bilbao, Villasana de Mena e Cistierna, finalizando em León. O trajeto inverso também é possível.

 

El Transcantábrico é a oportunidade de conhecer quatro regiões da Espanha. 

 

Expresso Turístico Paranapiacaba

Na região metropolitana de São Paulo é possível encontrar uma antiga Vila Inglesa.  Paranapiacaba é essa charmosa vila que já se candidatou a Patrimônio Mundial da Humanidade e foi testemunha de uma importante fase de expansão da tecnologia ferroviária no Brasil na segunda metade do século XIX.

O trajeto é realizado aos domingos. O passageiro tem a opção de embarcar às 8h30 na Estação da Luz ou às 9h00 na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André. O retorno ocorre às 16h30 em Paranapiacaba, com parada na Estação Prefeito Celso Daniel-Santo André.

A viagem é feita a bordo de uma composição, formadas por dois carros de aço inoxidável fabricados no Brasil na década de 50 e tracionados por uma locomotiva da década de 1950, totalmente reformada. O percurso de 48 Km leva 1h30 e é realizado ao longo da atual Linha 10-Turquesa, proporcionando ao turista uma viagem no tempo.

Entre os destaques estão as estações Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, tombadas recentemente pelo patrimônio histórico de São Paulo. Elas foram construídas pela antiga empresa britânica SPR (São Paulo Railway) ― primeira ferrovia paulista, inaugurada em 1867.

 

Antiga Vila Inglesa de Paranapiacaba.

 

Trem “da morte”

A rota mais básica dos mochileiros brasileiros pela América do Sul seja seguir rumo à Bolívia (e depois para os demais destinos) via Trem da Morte. Do vilarejo boliviano de Puerto Quijarro, na divisa com Corumbá – MS, Brasil partem os trens rumo à Santa Cruz de La Sierra, uma das principais cidades do país vizinho.

Construída na década de 1950 este trecho da ferrovia tem mais de 600 km de extensão. O trem leva cargas e passageiros e é operado por uma empresa norte-americana.

Há quem diga que o apelido Trem da Morte já nasceu com a própria ferrovia onde milhares de trabalhadores teriam morrido durante a construção por causa da malária. Outra teoria conta que há algumas décadas a Bolívia sofreu uma grande epidemia de febre amarela e o trem foi utilizado para o transporte de mortos e doentes.

Os trens partem diariamente de Puerto Quijarro. Algumas agências de viagem que funcionam em Corumbá vendem a passagem, e você pode comprá-la assim que chegar à cidade, mas é sempre melhor adquirir o bilhete com antecedência no site da Ferroviária Oriental.

Trem da Morte: rota mais básica dos mochileiros brasileiros pela América do Sul

One Way*: No jargão do turismo é o identificador de tarifa e viagem só de ida.